O que é / como ocorre / Covid-19 e estenose laringe, traquéia
Tipos / localização / classificação
Quando suspeitar / como fazer diagnóstico
Tratamentos recém nascidos, crianças e adultos
Tratamento com dilatação
Nas estenoses benignas / cicatriciais da laringe / traquéia;
Nas estenoses malignas / tumores.
Tratamento com stents / prótese / moldes
Nas estenoses benignas / cicatriciais da laringe;
Nas estenoses benignas / cicatriciais da traquéia;
Nas estenoses malignas / tumores;
Complicações do uso de stents / prótese / moldes.
Tratamento com laser / ultracision / microdebridador / Drill
Tratamento cirúrgico da laringe e traquéia
Laringoscopia / traqueoscopia intervencionista;
Cirurgias laringoplastia / traqueoplastia / laringotraqueoplastia;
Enxerto de cartilagem na estenose glótica / subglótica;
Cricoidoplastia na estenose subglótica da laringe / traquéia;
Re-operações / tratamentos na Urgência / resultados após cirurgias.
Introdução
Vou iniciar tudo descrevendo um pouco de anatomia para que você possa entender melhor sobre essa patologia.
A laringe é um tubo oco formado por cartilagens, ligamentos, músculos e é onde estão localizadas as pregas (cordas) vocais. Ë na laringe onde se formam os sons (graves/agudos) que são emitidos quando falamos. Na continuação da laringe estão a traquéia, carina traqueal e brônquios. Finalmente, esses últimos se comunicam com os lados direito e esquerdo do pulmão. Portanto, esse conjunto conduz o ar do ambiente externo para dentro dos pulmões. Daí a sua grande importância
A traquéia é um tubo oco formado por anéis cartilaginosos em sua região anterior e por um músculo na região posterior. Essa anatomia confere a traquéia uma característica especial de movimentação durante a inspiração/expiração, durante a tosse e deglutição. A traquéia é a comunicação entre a laringe e os brônquios. No final da traquéia ela se divide em dois brônquios e esses se comunicam com os lados direito e esquerdo do pulmão. Portanto, esse conjunto conduz o ar do ambiente externo para dentro dos pulmões para que possamos respirar. Daí a sua grande importância.
Gravura 1: visão endoscópica de uma laringe NORMAL, região supraglótica, glótica (onde estão as pregas vocais), e na profundidade a região subglótica.
Imagem 2: visão endoscópica de uma traquéia NORMAL com anéis cartilaginosos na região anterior e músculo na região posterior.
O que é uma estenose da laringe / traquéia?
A estenose é a obstrução (fechamento) da região interna da laringe / traquéia. Pode ter diversas causas (veja abaixo) e causa o fechamento (oclusão) parcial ou total da luz (orifício interno) da laringe ou da traquéia, impedindo que o ar consiga passar através desse local. A estenose pode ocorrer em recém-nascidos, crianças, adolescentes e adultos.
Figuras: Visão endoscópica de uma estenose na laringe (imediatamente abaixo das pregas vocais) e ao lado uma estenose na traquéia.
Laringe
Laringe
Traquéia
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Como ocorre a estenose da laringe / traquéia / laringotraqueal
Em recém-nascidos / lactentes (congênitas):
A estenose da laringe / traquéia pode ser congênita e, portanto, ocorrer já ao nascimento causando uma dificuldade respiratória onde geralmente haverá necessidade de intubação (colocação de um tubo através do nariz ou da boca até a traquéia) e colocação do recém-nascido em uma máquina de respiração artificial. Nessa idade a estenose geralmente ocorre na região da laringe (na supraglote ou na glote ou na subglote).
Em adultos, crianças, crianças e recém-nascidos (adquiridas):
A estenose de laringe e traquéia quase sempre ocorre após a pessoa ter sido intubada. Quando a pessoa necessita ser colocada em ventilação artificial (através de máquinas), haverá necessidade de se colocar um tubo (intubação) na via aérea para ser conectado a máquina que “fará a respiração”. A intubação pode ser feita através do nariz, boca ou na região cervical (traqueostomia ou cricostomia). Esses tubos, posicionados dentro da laringe e traquéia, muitas vezes irão gerar um processo cicatricial na região interna e que poderá evolui para uma estenose (fechamento da luz – orifício interno).
A maioria das pessoas quando necessita uma intubação é em decorrência de uma infecção respiratória mais grave (laringite, traqueite, pneumonia), insuficiência respiratória, trauma automobilístico, AVC, inconsciência e até após ter sido submetida a uma cirurgia com anestesia geral.
A imagem: Ilustra a laringe de uma criança que foi intubada (setas) e a outra após o tubo ser retirado a área vermelha é onde está ocorrendo a cicatrização que causará (em até 5% dos pacientes) uma estenose na laringe. Imagens Philippe Monnier.
A imagem: Dá destaque a traquéia de um adulto que foi intubado (tubo dentro da traquéia) e a outra após o tubo ser retirado a área vermelha é onde está ocorrendo a cicatrização que causará (em até 5% dos pacientes) uma estenose na traquéia.
As estenoses podem ocorrer após a pessoa ter sofrido um traumatismo da região cervical (pescoço) com fratura da laringe / traquéia.
Também pode ocorrer estenose/obstrução da laringe / traquéia em decorrência da invasão de um tumor benigno ou maligno de regiões vizinhas como: tumor da tireóide, tumor de esôfago, tumor de linfonodos, etc. Ou em pessoas que foram submetidas a qualquer cirurgia da região cervical e também da região torácica pois, pode ocorrer uma lesão no nervo laríngeo superior ou no laríngeo recorrente (após cirurgias cardíacas, ou de tumores do tórax, etc).
Quando ocorrem paralisias da(s) pregas vocais em abdução ou em adução os sintomas podem simular (confundir) com uma estenose dessa região.
Covid-19 e estenose laringe, traquéia
Covid-19 e ventilação em posição prona
Nesses tempos de pandemia pelo Covid-19 muito pacientes tem evoluído para insuficiência respiratória e necessidade de uso de ventilação mecânica. O clássico é que a pessoa fique em decúbito dorsal (de barriga para cima). Mas na pandemia pelo Cvid-19 tem sido muito comum que os pacientes sejam colocados em posição prona (de barriga para baixo) pois facilita a ventilação para áreas posteriores pulmonares.
A imagem: abaixo mostra a posição prona usada para pacientes durante a pandemia do Covid-19.
Covid-19 e estenose laringe, traquéia
Quando a pessoa com covid-19 é colocada em ventilação mecânica há necessidade de se passar um tubo (intubação), esse tubo tem um balonete para “vedar” a saída de ar. Quando a pessoa é colocada em posição “prona” aumentam as chances de o tubo causar lesão dentro da via aérea e com isso aumentam as chances de ocorrer estenose e malácia de laringe e de traquéia.
A imagem de paciente com covid-19 intubado (tubo dentro da traquéia) e a outra após o tubo ser retirado a área vermelha é onde está ocorrendo a cicatrização que causará (em até 10% dos pacientes) uma estenose ou malácia de laringe ou de traquéia.
Covid-19, diagnóstico se tratamento da estenose laringe, traquéia
Pessoas que tiveram Covid-19 e foram intubados devem ficar atentos para sintomas como tosse seca, tosse que tem uma secreção mas que ela não sai, falta de ar, força para respirar, estridor “barulho, chio na garganta, pulmão” pois isso pode ser decorrente de uma estenose de traquéia ou de laringe decorrente da intubação.
Se esses sintomas ocorrerem em pacientes que tiveram covid-19 eles não podem ser confundidos com asma e o exame que fará o diagnóstico será um laringobroncoscopia.
Veja a seguir formas de diagnóstico, tratamento de estenose ou malácia de laringe ou de traquéia em pacientes pós covid-19 como: dilatação, stents, laser, traqueoplastia, laringoplastia subglótica, etc em adultos, crianças, adolescentes e recém-nascidos
Tipos / Localização / Classificação
Tipos / Localização da estenose da laringe / traquéia / laringotraqueal
1- Estenoses adquiridas e congênitas da LARINGE:
A – subglótica
B – glótica
C – supraglótica
2- Estenoses adquiridas e congênitas da TRAQUÉIA:
1 – Estenoses adquiridas e congênitas da LARINGE
Estenoses adquiridas da laringe: mais comumente, elas ocorrem devido a pessoa ter sido intubada e são tratadas conforme as regiões anatômicas atingidas que podem ser: região subglótica, região glótica (onde estão as pregas vocais e comissura posterior), região supraglótica e é comum haver associações (mais do que uma região). Aparecem tanto em recém-nascidos como em crianças, adolescentes e adultos.
Estenoses congênitas da laringe: a criança já nasce com “chiado”, dificuldade respiratória, cianose. Essas ocorrem devido a malformações no crescimento das estruturas da laringe e são mais comum em prematuros.
Essas estenoses são classificadas conforme a sua localização e o grau de obstrução de sua luz. Cada tipo terá um tratamento mais adequado.
Abaixo descreveremos as localizações / tipos de estenose que mais comumente atingem a laringe. Dividiremos conforme as regiões anatômicas:
A – região supraglótica;
B – região glótica (pregas vocais);
C- região subglótica (abaixo das pregas vocais).
Gravura acima: mostra as regiões anatômicas da laringe e o início da traquéia.
A- Estenose na região supraglótica da laringe
(nível localizado acima das pregas vocais).
Essa é a localização menos comum que pode ocorrer uma estenose laríngea. O tratamento dessas estenoses sempre é complexo e ao final a maioria dos pacientes apresentará algum grau de alteração vocal.
As estenoses da laringe quando ocorre nessa região geralmente são em decorrência de uma ingestão de soda cáustica (acidental ou em tentativa de suicídio). Essa substância irá gerar uma lesão muito grave de todas as estruturas da laringe e inclusive da faringe e esôfago.
Imagens: mostram a visão endoscópica de uma laringe normal e ao lado uma estenose completa na região supra glótica da laringe.
B- Estenose na região glótica da laringe
(nível onde se encontram as pregas vocais).
Essa é a região da laringe onde haverá além da estenose um comprometimento da voz pois é nessa região que estão localizadas as pregas vocais.
As imagens abaixo: mostram a visão endoscópica de uma laringe normal e ao lado uma com estenose glótica anterior; a seguir uma estenose glótica quase completa e a última uma estenose glótica posterior + sinéquia das pregas vocais.
C- Estenose na região subglótica da laringe
(nível localizado abaixo das pregas vocais).
Essa é a região da laringe que mais comumente pode apresentar uma estenose pós intubação especialmente em recém-nascidos e em crianças mas também pode acometer adultos.
Imagem: demonstram a visão endoscópica de uma laringe normal e ao lado região subglótica da laringe apresentando uma estenose completa circunferencial (imediatamente abaixo das pregas vocais).
Classificação das Estenoses
Da laringe / traquéia / laringotraqueal (classificação de Myer-Cotton).
Anel completo (congênitas) da traquéia
Congênitas com anel completo traqueal (classificação de Grillo). Imagens Philippe Monnier.
Quando suspeitar / como fazer diagnóstico
Quando devemos suspeitar de uma estenose da laringe / traquéia / laringotraqueal (sinais e sintomas)
O paciente quase sempre apresenta dificuldade em puxar e em soltar o ar (inspirar e expirar), associado a um estridor (chiado, barulho) na garganta. Pode estar presente também a tosse seca com ou sem secreções ou mesmo algum grau de alteração da voz (depende em que local está a estenose). Geralmente a pessoa não consegue expelir essas secreções (sempre há a sensação de que não saiu toda a secreção). Esses sintomas vão piorando dia a dia e a pessoa pode sentir cada vez mais dificuldade em respirar (sensação de que o ar não entra nos pulmões). Pode haver infecções de repetição como laringite, bronquite, pneumonias.
***É comum que médicos pouco experientes confundam esses sintomas com outras doenças, como asma, bronquite, laringite, e tentem tratar com inalações, antibióticos ou corticoides ***.
Em pacientes (geralmente recém-nascidos ou crianças) que estão no hospital, intubados (na UTI em respiração artificial), o sinal mais comum ocorre quando o médico da UTI faz a tentativa de retirar a pessoa da respiração artificial. O médico irá fazer a retirada do tubo (cânula oro ou nasotraqueal), e a pessoa não consegue manter a respiração espontaneamente (devido à presença da estenose). Devido a isso haverá necessidade de ser realizada uma reintubação ou haverá a necessidade de submeter essa pessoa a uma traqueostomia ou cricostomia.
Como fazer o diagnóstico das estenoses da laringe / traquéia / laringotraqueal
O diagnóstico deve ser suspeitado em todos os pacientes que foram submetidos a uma intubação em qualquer fase de sua vida (especialmente a um ano atrás) e que apresentem algum dos sintomas que descritos acima.
O diagnóstico definitivo é feito com uma endoscopia respiratória (laringobroncoscopia). Esse exame deve ser realizado observando muitos cuidados técnicos como: realizar o exame com a pessoa em respiração espontânea, solicitar (se for possível) durante o exame que a pessoa emita sons agudos e graves e que faça respiração forçada inspiratória e expiratória.
O exame deve ser realizado em toda a via aérea (laringe, traquéia e brônquios) e não somente na laringe, pois o examinador deve ter uma visão total das vias aéreas. Devem ser utilizados instrumentais específicos para cada tipo de avaliação da laringe. Esses exames devem ser sempre realizados no centro cirúrgico com a pessoa sob analgesia superficial, depois analgesia profunda. Cada fase servirá para avaliar uma área da laringe.
A investigação diagnóstica completa é a fase de maior importância para que o cirurgião consiga saber com extrema precisão que áreas estão comprometidas da laringe e dessa maneira consiga instituir o melhor tratamento para cada pessoa.
O exame de tomografia helicoidal com reconstrução em 3 D e o de ressonância magnética são utilizados como complementares ao exame de endoscopia, mas muitas vezes poderão não demonstrar as estenoses se não forem tomados alguns cuidados técnicos em sua execução.
Figura com um tipo de equipamento (broncoscópio / laringobroncoscopio flexível) utilizado para a avaliação das vias aéreas superiores e inferiores.
Figura com gravura de um boneco e o equipamento laringobroncoscopia flexível sendo passado através da narina chegando até a laringe e o equipamento que utilizamos para afastar as pregas vocais e permitir a perfeita avaliação da região supraglótica e glótica (pregas vocais) e subglótica da laringe.
Figura equipamentos de laringobroncoscopia rígida.
Figuras: a visão endoscópica da região supraglótica e glótica (pregas vocais) da laringe sendo palpadas com instrumental para avaliar a mobilidade das aritenoides. E visão endoscópica da região glótica com estenose (pregas vocais) sendo examinada com instrumental adequado.
Complicações / Riscos das estenoses da laringe / traquéia
O principal é o risco de haver obstrução da via aérea por secreções, conseqüente insuficiência respiratória e morte por asfixia.
É comum que as pessoas portadoras dessas doenças apresentem infecções respiratórias de repetição como: laringites, traqueites, pneumonias. Devido a isso poderá (em longo prazo) haver sequelas pulmonares.
Veja mais em: Tratamentos Cirurgicos
Tratamentos
Tratamentos com Dilatação
O tratamento dependerá de que região está ocorrendo a estenose/obstrução e o que a está causando, se uma cicatriz / lesão benigna ou se uma lesão maligna / tumor. Descreverei conforme os tópicos abaixo:
1 – Nas estenoses benignas / cicatriciais da laringe e traquéia;
2 – Nas estenoses malignas / tumores.
Imagens: demonstramos alguns equipamentos de laringoscopia / traqueoscopia intervencionista utilizados para: dilatação / stent / próteses / moldes / LASER.
Figuras: demonstra dois tipos de balão de dilatação e ao lado ilustração de como é feita dilatação com balão.
1 – Nas estenoses benignas / cicatriciais:
As dilatações podem ser realizadas em estenoses benignas / cicatriciais e podem solucionar a estenose. Tudo estará na dependência de que grau é a estenose, qual a sua extensão, se há ou não comprometimento da cartilagem do local ou se há somente comprometimento da mucosa. Esses dados são bem demonstráveis em uma laringoscopia / broncoscopia.
Quando se opta por dilatar a literatura mundial recomenda que no máximo sejam feitas 3 a 4 tentativas com intervalos de 1 a 3 semanas em média. Se não houver resolução tem que ser pensado em outro tipo de tratamento (veja abaixo sobre cirurgias e sobre dilatação + colocação de stent / prótese / molde).
Figuras: demonstra um tipo de balão, a segunda é a visão endoscópica de uma estenose de laringe / traqueia, a última é após a dilatação com balão.
Figuras: visão endoscópica de uma estenose de laringe / traqueia e ao lado após a dilatação com balão.
2 – Nas estenoses malignas / tumores:
nós não recomendamos que seja realizada dilatação nesses casos pois NÃO irá curar o tumor e os resultados são muito ruins. O tumor deve ser estadiado e quase sempre submetido a tratamento cirúrgico ou radioterápico. Veja mais abaixo que nos casos de tumores colocar stents / próteses / moldes. Pode ser um tratamento paliativo com melhores resultados que a dilatação.
Tratamentos com stents / prótese / moldes
O tratamento dependerá de que região está ocorrendo a estenose/obstrução e o que a está causando, se uma cicatriz / lesão benigna ou se uma lesão maligna / tumor. Descreverei conforme os tópicos abaixo:
1 – Nas estenoses benignas / cicatriciais da LARINGE;
2 – Nas estenoses benignas / cicatriciais da TRAQUÉIA;
3 – Nas estenoses malignas / tumores.
As Figuras abaixo: mostram diversos tipos de stents / prótese / moldes de laringe / traquéia / brônquios.
1 – Nas estenoses benignas / cicatriciais da LARINGE:
Os stents / próteses / moldes até podem ser utilizados. Mas na maioria das vezes a colocação desses materiais nessa região acabará causando dano às pregas vocais e broncoaspiração por isso geralmente não se usa esses materiais dá-se preferência para dilatações e/ou laser e/ou cirurgia.
Nas cirurgias de enxertos sempre haverá necessidade de usar algum tipo de “molde” até que a cicatrização local esteja terminada (veja mais em tratamentos cirúrgicos nesse site).
2 – Nas estenoses benignas / cicatriciais da TRAQUÉIA:
Os de stents / próteses / moldes podem ser utilizados em estenoses benignas / cicatriciais e podem solucionar a estenose. Tudo estará na dependência de que grau é a estenose, qual a sua extensão, se há ou não comprometimento da cartilagem do local ou se há somente comprometimento da mucosa. Esses dados são bem demonstráveis em uma broncoscopia.
O uso desses materiais deve ser temporário e muito raramente definitivo pois existe quase sempre a formação de granulomas que acabam obstruindo os stents.
Passados 1 a 9 meses em geral eles são retirados e se não houver resolução tem que ser pensado em outro tipo de tratamento (veja mais em tratamentos cirúrgicos nesse site).
Figuras: imagem endoscópica de uma estenose de traqueia, a segunda e terceira é a aplicação de um stent / molde / prótese e a última o material que foi usado.
Figuras: estenose de traqueia, a segunda e terceira é a aplicação de um stent / molde / prótese e a última o material que foi usado.
3 – Nas estenoses malignas / tumores na laringe e traquéia:
A maioria dos tumores devem ser tratados iniciando com um estadiamento total da doença. Em alguns casos haverá indicação de ressecção cirúrgica do tumor (através da boca) MAS a imensa maioria dos casos é tratada com cirurgia cervical ou torácica.
Os stent / moldes / próteses podem ser utilizados como tratamento paliativo (NÃO irá curar um tumor) em pacientes que apresentem tumor (câncer) gerando obstrução muito extensa na traquéia e que não possam ser tratados com outro método melhor que esse.
Figuras: um stent/prótese/molde colocado dentro da traquéia que apresenta um tumor (em amarelo) como tratamento paliativo.
4 – Complicações do uso de stents / próteses / moldes na Laringe e Traquéia
O uso stent / moldes / próteses quase sempre deve ser temporário e muito raramente definitivo pois existe quase sempre a formação de granulomas que acabam obstruindo os stents.
Figuras: imagem endoscópica de granulomas que se formaram e que estão obstruindo os stents.
Tratamentos com LASER / Ultracision / Microdebridador / Drill
Na sequência mostraremos diversos equipamentos que podem ser utilizados em cirurgias de laringe e traquéia com grande vantagem e precisão.
Figuras: mostram diversos tipos de laser. Que podem ser usados nas estenoses da laringe e traquéia.
Figuras: mostra ultracision que são “pinças diversas” que fazem movimentos muito rápidos (ultra velocidade) e servem para cortar estruturas com grande precisão e sem queimaduras como ocorre com o cautério elétrico.
Figuras: microdebridadores fazem movimentos de “vai e vem” e servem para escavar geralmente cartilagens, granulomas, mucosas.
Figura: drill que faz movimentos circulares muito rápidos e podemos trocar as ponteiras (diamante, corte, etc) conforme a necessidade durante a cirurgia.
Figuras: visão endoscópica de uma estenose subglótica da laringe, a segunda é a secção com laser, na terceira balão de dilatação e a última o resultado imediato.
Figuras: paciente anestesiado sendo submetido a ressecção de um tumor da traquéia distal com uso de broncoscopia rígida e flexível e uso de laser.
Tratamentos Cirurgicos
1 – Laringoscopia / Traqueoscopia intervencionista;
2 – Cirurgias laringoplastia / traqueoplastia / laringotraqueoplastia;
3 – Enxerto de cartilagem na estenose glótica / subglótica;
4 – Cricoidoplastia na estenose subglótica da laringe / traquéia
5 – Re-operações /Tratamentos na Urgência /Resultados após cirurgias
Sem dúvida alguma os tratamentos cirúrgicos são os que melhores resultados conseguem alcançar nas estenoses de laringe e traquéia em recém-nascidos, crianças, adolescentes e em adultos. Mais de 85% das estenoses serão solucionadas com alguma das técnicas descritas abaixo.
Não existe limite de idade nem inferior nem superior. E sempre o melhor resultado é conseguido na primeira cirurgia, pois as re-operações são sempre mais complexas e de difícil solução.
É de extrema importância que o médico conheça todas as técnicas descritas na literatura mundial para que dessa forma ele não fique “limitado” na escolha do melhor tratamento para cada paciente.
Abaixo descreverei de forma simplista alguns tratamentos cirúrgicos e que me baseio na minha experiência de mais de 30 anos nos estudos que fiz na Universidade de Harvad com Prof. Dr. Hermes Grillo (referência mundial no tratamento em adultos) e na Suiça com o Prof. Dr. Philippe Monnier autor do livro “pediatric airway surgery” (referência mundial no tratamento em recém-nascidos e crianças).
1 – Laringoscopia / traqueoscopia intervencionista
Essas são realizadas com equipamentos especiais e que são colocados através da boca. Dessa maneira será possível atuar na região da laringe e da traquéia sem a necessidade de realizar incisões (cortes) na região do pescoço. Essas podem ser usadas em alguns tipos de estenoses de laringe quando estão localizadas na região supra glótica, glótica e subglótica.
Veja tudo sobre essas cirurgias nos tópicos desse site: Tratamentos com Dilatação, Tratamentos com stents / prótese / moldes e Tratamentos com LASER / Ultracision / Microdebridador / Drill.
2 – Cirurgias: laringoplastia / traqueoplastia / laringotraqueoplastia:
O termo laringoplastia / traqueoplastia / laringotraqueoplastia significa de forma genérica retirar / ressecar o tecido estenosado e substituir por tecido sadio da própria laringe ou traquéia da pessoa.
São realizadas através de uma incisão (corte) na região cervical (pescoço) e quando a estenose é na região bem inferior da traquéia a incisão é no tórax.
Essa é a cirurgia preferencial para as estenoses localizadas na região subglótica, glótica (pregas vocais) da laringe bem como para as estenoses de traquéia.
O princípio básico é que as cartilagens que compõem a laringe e/ou a traquéia estão danificadas, foram parcialmente absorvidas durante o processo cicatricial e perderam sua “estrutura” e por isso nunca ficarão “boas / sadias” novamente.
Figuras: laringotraqueoplastia – sequência de uma ressecção de estenose da região subglótica da laringe e traqueal incluído o orifício da traqueostomia (linha pontilhada em azul). Na primeira a seta vermelha mostra a área da estenose, a segunda após a ressecção (retirada) da área estenosada e a última o fechamento da área ressecada que foi substituída por segmento de traquéia normal da própria pessoa. Imagens Prof. Dr. Philippe Monnier.
Figuras demonstram a sequência de uma ressecção de estenose da traqueal em paciente sem traqueostomia (linha pontilhada em azul) e ao lado após a ressecção da área estenosada e o fechamento usando a traquéia normal da própria pessoa. Imagens Prof. Dr. Philippe Monnier.
Figuras abaixo demonstram a sequência de uma ressecção de estenose da traqueal incluído o orifício da traqueostomia. Imagens Prof. Dr. Philippe Monnier.
Figuras abaixo demonstram imagem endoscópica de uma estenose de traquéia e ao lado o pós-operatório.
3 – Enxerto de cartilagem na estenose glótica / subglótica da laringe e traquéia:
Tratamento da estenose laríngea com alargamento anterior ou posterior (ou ambos) da área estenosada.
Para realizar essa cirurgia utilizamos um enxerto (segmento) da cartilagem de uma costela da própria pessoa.
Figuras: mostram desenho de uma estenose subglótica / glótica em formato elíptico. Esse tipo de estenose é favorável para a cirurgia de enxerto de cartilagem com objetivo de alargar a laringe. Ao lado esquema de como é feito o alargamento usando segmento de cartilagem costal. Imagens Prof. Dr. Philippe Monnier.
Para realizar essa cirurgia o cirurgião deve retirada o enxerto (segmento) de cartilagem da costela do paciente e após isso ele deve usar lupas de aumento para “esculpir” com bisturi essa cartilagem até que ela fique com o formato e tamanho adequados para a laringe da pessoa que está sendo operada.
Figuras: mostram que para esculpir o enxerto para alargamento posterior o formato tem que ficar um “retângulo”. Imagens Prof. Dr. Philippe Monnier.
Figuras: mostram que para esculpir o enxerto para alargamento anterior o formato tem que ficar um “losango”. Imagens Prof. Dr. Philippe Monnier.
Figura: mostra o enxerto para alargamento anterior colocado na região laringotraqueal (subglótica e traqueal). Imagens Prof. Dr. Philippe Monnier.
Figuras: mostram que sempre que for realizada a cirurgia de enxerto anterior e posterior (segunda imagem) é obrigatório o uso de uma endoprótese que servirá para dar estabilidade” ao enxerto até que haja a cicatrização local. Imagens Prof. Dr. Philippe Monnier.
4 – Cricoidoplastia na estenose subglótica da laringe / traquéia:
Esse tratamento é excelente, mas somente pode ser usado somente nos casos onde a estenose compromete somente a região subglótica da laringe.
Não pode haver nenhum comprometimento da glote (região glótica), mas pode ter algum grau de comprometimento da traquéia.
A cirurgia consiste em fazer uma ressecção circunferencial somente da área da cartilagem cricóide que apresenta a estenose. Nessa cirurgia deve ser preservada a mucosa que recobre a cartilagem cricóide. Técnica desenvolvida por Prof. Dr. José J. Camargo.
As figuras demonstram: na primeira um corte transversal da região subglótica da laringe (cartilagem cricóide) apresentando uma estenose circunferencial. Na segunda em linha tracejada em preto é a demonstração da área da cartilagem cricóide que deve ser ressecada. Imagens Prof. Malucelli.
Imagens: na primeira um corte transversal da região subglótica (cartilagem cricóide) após a área estenosada / espessada já ter sido ressecada (retirada). Na segunda após termos reimplantado a mucosa para recobrir a região interna da cartilagem cricóide. Imagens Prof. Malucelli.
Figuras demonstram imagem endoscópica de uma estenose de subglotica e ao lado o pós-operatório.
Veja mais em: Inovações Dr. Malucelli
5 – Re-operações /Tratamentos na Urgência /Resultados após cirurgias
As re-operações dessa região são sempre cirurgias de extrema dificuldade onde devem ser tomados muitos cuidados para preservar a função das pregas vocais e a qualidade da respiração. Portanto somente pessoas experientes nesses tratamentos devem se aventurar.
Tratamentos na Urgência/Emergência:
Abaixo descreveremos de forma simplista algumas formas mais utilizadas esse tratamento.
A urgência/emergência ocorre quando a pessoa está apresentando algum grau de insuficiência respiratória (dificuldade de respirar) e que estará presente uma dificuldade em puxar e soltar o ar (inspiração e expiração) e, portanto, ocorrerá o estridor laríngeo (chiado, barulho na garganta). Pode ainda estar presente a tosse (com ou sem secreções) ou mesmo algum grau de alteração da voz.
Nessa situação devemos nos focar em salvar a vida dessa pessoa.
O tratamento preferencial nessa fase quase sempre será a realização de uma dilatação da laringe e/ou traquéia com endoscopia (broncoscopia) rígida, conduzida por um médico experiente, geralmente um Cirurgião do Tórax Especialista em Endoscopia Respiratória. Caso isso não seja possível, deve ser feita uma intubação naso ou orotraqueal ou uma traqueostomia ou uma cricostomia de urgência.
Antes de ser realizado qualquer tratamento definitivo, se for possível, deve ser realizada uma endoscopia respiratória, em centro cirúrgico para se ter um diagnóstico preciso do local e tipo da estenose.
Resultados após as cirurgias das estenoses da laringe / traquéia:
Em nossa experiência mais de 85% dos pacientes podem ser tratados de sua estenose da laringe e ficarem curados, ou seja, não precisar utilizar traqueostomia nem próteses nem serem dilatados. As cirurgias podem ser realizadas em qualquer idade (recém-nascidos, crianças e adultos). Muitas vezes haverá necessidade de realização de vários pequenos procedimentos cirúrgicos até se obter os resultados desejado.
Veja mais em: Inovações Dr. Malucelli
Dr. Antonio Vendrami Malucelli
CRM 11502 – Paraná
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